I
Não tenho talento para negociar. Não aprendo nunca. Prometo-me ser firme, cobrar mais da próxima vez, exigir algo justo, que valha a pena. Mas chegando o momento, acabo sendo flexível, como sempre. Já desisti de tentar me valorizar. O meu amor é amostra grátis.
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II
“É que meus sonhos têm juros muito altos, sabe?”
“Sei como é. O sonho não para nuca de crescer, crescer...”
“Não é bem isso. É que toda vez que finalmente posso pagar o preço, já ficou mais caro.”
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III
Desconfio desses amores baratos que estão à venda por ai nas esquinas, nos bares, no trabalho, não perco meu tempo nisso. Juram que é verdadeiro, mas estragam nos primeiros meses de uso, às vezes nem chegam a funcionar. Por isso que eu estou economizando, juntando, paciente, guardando para investir. Ai você vai ver. Eu vou ter um do bom pra mim. Do melhor.
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IV
Vendo um sonho não realizado com dez anos de uso. Acompanha três moedas especiais para lago do desejo, sete fitinhas do senhor do Bonfim e um trevo de quatro folhas. Aceito troca em qualquer realidade concreta em bom estado.
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V
“Tem mais daquele sentimento bom de ontem ai?”
“Esqueça, já esgotou”.
//texto publicado em Julho de 2007
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