sexta-feira, outubro 28, 2005

Perfil - II

Ele tem compromisso com seu descaso. Desde cedo, aprendeu a desconhecer seus caminhos. Leva diversão a sério, brinca com assunto importante. Não segue receitas, escolhe ingredientes. Invade suas vontades pela contramão, estaciona em desejo proibido, segue adiante em beco sem saída. Ensina aos mais velhos, aprende com os jovens. Muda quando quer ser o mesmo, continua o mesmo pra mudar. Discute calado, fala alto quando está tranqüilo.CLIQUE PARA LER O TEXTO COMPLETO>>

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terça-feira, outubro 25, 2005

Pensamentos Soltos - IV

Esquecer seus anseios é uma maneira de achar que já tem tudo o que quer.

Compreender alguém não depende de quanto você conhece a vida da pessoa mas do quanto você viveu.

Ela passou a vida tentando seguir receitas de felicidade.
E não consegui.
E,enfim, foi feliz.

Amar - I
É quando a repetição agrada e a mudança não causa medo.

Viver
Não é difícil encontrar a maneira certa, mas se desfazer da errada.

Sucesso
Não é ser bom, mas saber ser reconhecido pelo que é.

Amar – II
É protege-la(o), quando você que está com medo.

sábado, outubro 22, 2005

Perdido (?)

Caminho para frente,

aperfeiçoou meu passado.

Abrevio a felicidade ao tamanho do passo.


Estudo os fracassos que não tive,

quero estar preparado para tudo.

Tomo-me em novos medos,

é minha forma de perder os antigos.


Os heróis foram pessoas com medos diferentes.


Decifro demônios para adivinhar anjos.

Não levarei isso a sério, brinco.

Será brincar a minha maneira de ser sério?

Brinco de perdido para me encontrar.

Brinco de sensível para ser forte.

Brinco de eu.

Não brinco mais de amor, o amor cansou de brincar de mim.

Desconfio quando o destino chama meu nome. Deve ser outro Fernando.


Navego em mar desconhecido,

não escolho caminhos certos,

apenas desvio dos errados.

Sigo o rumo das nuvens.

Para onde elas me levarão?

Subo mastro alto dos desejos,

presto atenção ao que não posso ver.

Avisto destino onde eles vêm perigo,

vejo perigo onde eles vêm calmaria.

A calmaria me apavora.

Estou no meio de um tiroteio de cegos.

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terça-feira, outubro 18, 2005

Perfil - I

Ela derrota a felicidade pelo cansaço. Confunde desejo com pecado. Alegria com loucura. Erra consigo para não errar com os outros. Culpa aos outros por errar consigo. Sonha acordada, se acorda sonhando. Não acredita em expectativas, ilusões. Não acredita em destino, compromisso. Olha pros dois lados antes de atravessar suas vontades. Refuga. Não decide, pede opinião. Fecha a porta de sua alma todos os dias, no mesmo horário. Espia pelo buraco da fechadura. Abre a janela, se esconde atrás da cortina. Sorri na sala, chora no quarto. Deseja chances que já tem. Teme impedimentos que não tem. Ignora a saída, esquece onde entrou. Não se entrega ao amor, espera que o amor a tome.

À noite, usa a coberta como quem veste um escudo.

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sábado, outubro 15, 2005

A solidão - IV

Baseado em um texto de Princess

Encostou o sofá rente a tv, de costas para o silencio quente do apartamento. Deitou abraçada com uma sede que carregava por dentro. Um desejo sem destinatário. Juntou seu corpo de menina pré-adolescente escondendo-o atrás dos lençóis; e se deixou abandonar, como quando abandonava sua boneca em uma prateleira da estante.
Pôs um filme. Disney .
O início fazia os novos personagens confundirem a calma do apartamento. Mariana foi se deixando esquecer de seu próprio esquecimento. Deixou-se caminhar entre cenários desconhecidos, em liberdade. Sem rumo, sem saída, sem chegada. Sem dono. Sem limite para viver, para amar.

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segunda-feira, outubro 10, 2005

Baseado em e-mails reais - III

Estranho seria se eu te escrevesse somente verdades, até a sinceridade se confunde. Queria poder te enviar as mais sinceras verdades que guardo aqui dentro, mas eu descobri que sou mais forte fora de mim. Difícil escrever de amores. Para seguir em certos assuntos é preciso saber exatamente o caminho de volta. Quem dera mudar para um lugar onde eu pudesse inventar lembranças, seria bem mais divertido. Aqui o tempo se torna um juiz injusto, condena-me das memórias que se apegam ao que não aconteceu. Condena-me pelos pecados que deixei de cometer. Condena-me. Não tirei lições do que vivi, aprendi mais com quem eu não fui. Estou rompendo todos os contratos que não fiz, assino em baixo para me libertar de compromissos. Declaro morte às mentiras antigas, temo que elas sobrevivam ao tempo - mesmo sabendo que as que mais me incomodam são também as mais difíceis de me desapegar. Eternas sobreviventes -. Uma mentira-antiga sobrevivente já é uma nova verdade por costume, entenda. Mentir para si é tentar enganar alguém que sabe mais de você do que você mesmo. Cansado, vivo em um silêncio distante. É nessas noites vazias que posso escutá-lo barulhar com intensidade. Ouça. A noite de uma segunda-feira é um dia completamente vazio. Você irá achar que é não dando atenção que se derrota o silêncio, mas não é. Ignorar o silêncio ainda é permiti-lo. Não tenho medo, vejo as voltas compondo o mundo agora, antes só via o contrário. Acho que não ando encontrando novos amores, mas me repetindo neles. Porque amar nada mais é do que uma repetição de sonhos, porque não há amor maior do que repetir um mesmo amor, porque esses nossos amores idealizados nada mais são do que amores próprios em potencial. Sinto-me bem, agora, meu corpo reaprendeu a desgrudar do chão, já piso em superfícies mais altas sem temer a passos em falso. Não me assustam as quedas. Quando desejamos muito algo a margem de erro é como um percursionista da banda, quem deseja presta mais atenção no vocalista. Não quero me prolongar, está tarde e o sono é um sujeito exagerado, tem um péssimo costume de aumentar tudo o que vê. Só preciso achar um significado para completar um silêncio, entenda. Algo que me faça esquecer tudo que ele não me diz, uma ausência de significado fantasioso, uma explicação para uma falta de sentido - acho que esse silêncio queria mesmo de se tornar palavras, mas ele tem medo de se escutar.

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Quando ?

A cada minuto que passa você tem uma nova chance de se tornar uma pessoa melhor.

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Inspirante

"Não tive amigos imaginários, fiz amizade com a imaginação."

Vitor Freire

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quinta-feira, outubro 06, 2005

Palavras Mudas - V

O ruído do ar-condicionado era impróprio ao silencio apreensivo do carro. Ele apenas aguardava as palavras dela, como quem aguarda uma sentença. Esperou. Esperou. A falta de diálogo aumentava seu incomodo, mas nada disse. O momento despertava insegurança, mas conteve a emoção em algum lugar incerto entre a garganta e o peito. A ausência de palavras dela o confundia. Os olhos que ele aprendera a desvendar carregavam uma paz incompreensível, pensou. Ela o tocou. Delicadamente, para somar surpresa. Respirou sem pressa. O olhou sem medo. E juntou à face uma daquelas expressões femininas indecifráveis, indescritíveis. Não era raiva. Mas também não sorria. Ele apenas continuou assistindo aos seus movimentos, tranqüilos. No fim de alguns segundos ela voltou a se mexer. O beijou, com sutileza. Na face. E saiu do carro calmamente ao invés de falar algo, virou de costas em vez de dizer adeus, encostou a porta em vez de batê-la. Ele continuava imóvel. Calado. E já não era mais forte o suficiente para esconder a emoção. Como poderia agir dessa maneira, como se nada estivesse acontecendo? Neste instante, só lhe restava observar, pela ultima vez, o andar lento dela até a porta de sua casa, o mesmo de sempre. O beijo tinha sido a despedida.

Era um fim de tarde cinza de domingo, a rua estava vazia, o vento forte anunciava a previsão de chuva para o começo da noite. Antes de dar partida ao carro e inundar seus olhos, ele pensou alguns minutos consigo. Nunca se sentira tão agredido em toda sua vida.

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