Palavras Mudas - III
O que nos faltou aprender sobre o outro? Não foi falta de entendimento que nos distanciou, foi o medo de entender. Nossos olhos entendidos, nossos corpos entendidos. O que a gente entende com o corpo não se traduz, seria mentir. Nós nos sobrecarregamos de traduções mal mentidas. Eu não te conheci pelas coisas que você me dizia, mas pelo desenho dos seus olhos que acompanhava tudo o que me dizia. Meu erro foi não ter descoberto antes que a verdade também estava na recíproca. Eu me atrasei com você, me perdoe. Eu te transbordei de palavras nos momentos que mais cabia meu abraço ao som do mesmo cd que sempre gostamos de ouvir juntos. E te abracei sem saber o que dizer quando você queria escutar, essas mesmas coisas para as quais sempre inventamos tantas mentiras. Depois da primeira vez que eu te abracei parece que meu corpo sofreu um impulso químico e absorveu um pouco da sua temperatura morna. E se habituou com esse aquecimento que ainda vive dentro de mim. Agora sofre crises de abstinência quando dá por sua falta. Se eu calasse não iria te ferir, me enganei. Nossas mentiras, na verdade, eram tentativas quase bem sucedidas de não nos machucar. É uma pena. Nós acabamos aprendendo a escutar nossas palavras mudas.
Coloco, agora, novamente o cd no som do meu carro até me dar o impulso de desligar na faixa que você sempre pedia para repetir. Não ponho outra. Deixo que o som e seus vestígios que insistem em morar dentro do meu peito, ambos, se calem. Nossas partes sobreviventes no corpo um do outro estão mesmo condenadas a este meu-seu eterno silêncio, ensurdecedor.
Coloco, agora, novamente o cd no som do meu carro até me dar o impulso de desligar na faixa que você sempre pedia para repetir. Não ponho outra. Deixo que o som e seus vestígios que insistem em morar dentro do meu peito, ambos, se calem. Nossas partes sobreviventes no corpo um do outro estão mesmo condenadas a este meu-seu eterno silêncio, ensurdecedor.
Marcadores: amor, palavras mudas, pequenos textos, textos de amor, textos pequenos, textos poeticos
13 Comentários:
oi nando;
belo texto como sempre..
bjao
Olá Fernando!
Este texto me tocou muito! Muito profundo e intenso!! Já é meu preferido! Vc melhora a cada novo post! Bjim, Danizinha.
Nossa, que coisa LINDA!
"O que agente entende com o corpo não se traduz, seria mentir"
Muito bom!
Um beijo Fernado!
que bom texto...
Velho, o que posso dizer? As rimas estão nos treinando. hehehehe
FERNANDO AS MARAVILHOSAS, AS PERFEIÇÕES, AS MELHORES "COISAS" DA VIDA ESTAO ADORANDO CONTINUE ASSIM...
JA EM RELAÇÃO AOS TEXTOS TEMOS MUITO O QUE CONVERSAR...
UM ABRAÇO
Velhinho, você sempre surpreendente e sem medo de se mostrar sensível, amoroso e criativo. Parabéns por nos brindar com tanto talento. Eu repetidas vezes falei: Nando observe os seus talentos; você é um cara cheio de talentos e pode se dar o luxo de desenvolver aquele quiser. Neste momento você estar exercitanto a escrita com o brilhantismo, que há de acompanhá-lo por toda sua vida.
"Eu te transbordei de palavras nos momentos que mais cabia meu abraço.. E te abracei sem saber o que dizer quando você queria escutar.." TOCOU-ME A ALMA ESTE TRECHO. Lindo, Nando!
É moço...o medo de entender as vezes nos tolhe.O medo de entender o outro e de ler nas entrelinhas aquilo que não queremos conhecer.Quanats vezes preferimos o oco silêncio,a ferida entreaberta?Quantas vezes preferimos as palavras secas ao invés de nehuma palavra?O amor tem dessas coisas e muitas vezes vemos no outro as nossas falhas,a nossa impossibilidade diária de nos salvar.Desses males que o amor nos traz,da aventura maluca e intensa de amar e de nem sempre receber amor em troca.Adoro seus textos!Se cuide,viu?
Grande Fernando,
Percebo que a evolução chegou a sua mente perplexa e trouxe em formas de palavras belas expressões!!!
Vença sempre, pois persistir é isso!!!
Um Abraço
Grande Billy,
É impossível ler esse texto e comentar somente com palavras, talvez um abraço amigo consiga representar a grandiosidade do seu texto.
Parabéns !!!!
Perfeito...
Mais um lindo texto de amor. Estou adorando seus textos românticos...
Lili
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