Cotidiano - I
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Acordou as nove, mas não olhou que horas eram. Vestiu o agasalho estendido na cadeira, nem fazia frio. Fez café sabendo que não iria tomá-lo, ninguém iria tomá-lo. Apenas fez.
Correu a casa verificando o silêncio, uma paz indesejada, cumprimentou as paisagens que pulavam pelas janelas.
Saiu à praça para encontrar com algumas árvores, vigiava as folhas e os sapatos das pessoas, atravessava o tempo com a imaginação. Caminhou pela calçada, passou pelo o lago, passou pelo o lago, caminhou pela calçada. O quarteirão de tão pequeno parecia sufocá-lo.
Os vizinhos roubavam-lhe de sua privacidade. Atrapalhavam sua tristeza. Permaneceu incolor, atrás dos óculos. Tropeçava em vozes, editava histórias que escutava nas esquinas. Aquele lugar é próprio à história alheia.
O vento o ajudava a caminhar, seguia com pouca pressa. Nem se preocupou em olhar para os dois lados ao atravessar a rua. O mundo só atropela o que está em evidência.
Visitou bares e copos de cerveja. Tomava uma garrafa a cada parada, exatamente uma garrafa, nada mais consumia. Voltou pelo mesmo trajeto, pouco antes das seis. Não conseguiria suportar o peso da noite.
Deixou o portão entreaberto, a espera de ventos.
Preparou o jantar, comeu apenas o suficiente, dispensou o banho. Deitou no sofá para escapar da cama vazia. Adormeceu antes que o próprio sono.
Fernando Palma
Marcadores: cotidiano, mini contos, mini contos cotidianos, textos pequenos, textos poeticos
12 Comentários:
Olá Fernando.
Gostei do seu texto. Leitura leve, bem agradável. Por enquanto li apenas este, mas espero ainda ler outros.
Parabéns!
Obrigada, beijos.
que bom que voltou, é delicioso ler seus escritos. bjs
Texto metafórico muito interessante...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Fê,
Estava com saudades de te ler!
Muito bom tê-lo de volta!
Beijinhosss
Fernando,
Companheiro das palavras e sentimentos, encontrei em suas prosas e poesias conforto, e semelhança ao que já me aconteceu, ao que está acontecendo e provavelmente ao que me acontecerá. Que sua mente e coração continuem em sintonia, pois espero ler mais trabalhos seu. Continue a escrever brilhantemente.
Um beijo,
Lisa.
Você, mesmo sem saber, sempre manda e-mail pra mim com seus textos/poemas/prosa. Hoje resolvi entrar no seu blog. Gostei muito e parabens pelos textos.
O meu segue mais ou menos a mesma linha sua, mesmo eu tendo começado agora!
Abraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
Obrigado por ter gostado do meus humilde e iniciante blog!
E em resposta à sua pergunta, foi uma forma de me colocar no texto. Uma certa influência de Machado de Assis que costumava conversar com o leitor, só que em versão modifica, compreende?
Já comecei a ler "Amor proibido e acho que dá pra gente deixar mais exposto no seu blog essa série.
Vou linkar seu blog, ok?!
Abraço!
Abraço!
Bonito esse texto.Gostei muito.Simples, tocante e delicado nas palavras.
Voltarei mais vezes viu!
Abs.
Fernando!
Mal posso acreditar que você voltou!
Estou muitíssimo feliz, seu blog é um dos melhores que já vi, e olha que amo blogs ...
É isso.
Beijos!
Gostei do texto... Bem interessante... Mas porque tanto tempo você não escreve mais???
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