segunda-feira, novembro 14, 2005

Baseado em e-mails reais - IV



Para Julia.



O tempo nunca mais será um inimigo. O medo já não é um desconhecido, Ju. Tudo que não agrada ainda pode ser reinventado, a segurança com que te escrevo é só minha timidez com medo de aparecer. Minhas dores são minhas asas. Você também esquecerá este tempo que passou e seguirá os próximos dias como se estivesse em um novo caminho, porque estará. Começará a andar de cabeça erguida com a graça de um adulto e voltará a sonhar com a leveza de uma menina. Nós perdemos o controle do tempo e fomos percebendo o quanto as verdades se misturaram com as mentiras, só agora tivemos a coragem de separá-las. Porque uma verdade não se mistura, porque a mentira, essa, é má influencia, porque finalmente podemos enxergar: o tempo não cega, Ju. Abre os olhos. Tudo pode ser reinventado, a gente tem que viver o lado errado para ter certeza de que não vai querer fazer parte dele. Não desviaremos mais os caminhos do que nossos olhos apontem, um olhar nunca se engana e a felicidade não aceita segunda opção. A felicidade é um caminho longo e não se pode caminhar um pequeno trecho por dia por dia. Ou se anda sempre ou se está sempre parado. Quando seguimos caminhos traçados já não somos nós mesmos, somos o resto do mundo. Não somos ninguém. Os sonhos adormecem, os desejos adormecem, o medo não adormece, Ju. Passa a noite em claro. Ou você aprende o medo ou o medo prende você. Eu também já estive preso por muito tempo, meus pés grudados no chão como se criassem raízes, minhas mãos amarradas, os olhos assustados deles mesmos. Meus sonhos quase morreram. Eu quase adormeci. Ju, o que nos faltou será vivido de outra maneira, o tempo nunca mais será um inimigo. Estaremos acordados, independente do que houver. A incerteza do nosso destino é essa sede de viver que nos aquece.

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23 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

A força que emana de suas palavras é um acalanto a quem quer que seja!
Felicidades!

segunda-feira, 14 de novembro de 2005 às 19:30:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

Muito bem, Fernando. Seu texto está muito bom. Conciso, frases bem estruturadas. Sugere um clima de confidencialidade contagiante. Um abraço.

segunda-feira, 14 de novembro de 2005 às 22:32:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

Nos traz a leveza das horas, alguma direção que tanto necessitamos no caminho desconhecido. Sempre atento, você, meu querido. Saudades.Te beijo.

terça-feira, 15 de novembro de 2005 às 01:36:00 BRST  
Blogger Claudio Eugenio Luz disse...

Onde quer que se possa ficar de pé, também pode se sentar.

.. forte narrativa
.hábraços

terça-feira, 15 de novembro de 2005 às 11:08:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

ahhhh...eu tb quero trocar e-mails com vcc :)

terça-feira, 15 de novembro de 2005 às 20:44:00 BRST  
Blogger Daniel Aladiah disse...

Caro Fernando
bela carta!
Um abraço
Daniel

terça-feira, 15 de novembro de 2005 às 21:17:00 BRST  
Blogger GNM disse...

Está uma narrativa fantástica! Muito bem escrito!

Fica bem!

quarta-feira, 16 de novembro de 2005 às 09:49:00 BRST  
Blogger Ban disse...

às vezes agradeço a Deus por as pessoas que me rodeiam serem tão boazinhas e escreverem pra mim como pra uma criancinha.
Escrevendo pra criancinhas sei responder, um e-mail assim, sei não...

Muito bom seu texto, Moço!
Tava sentindo falta

quarta-feira, 16 de novembro de 2005 às 14:05:00 BRST  
Blogger Rubens da Cunha disse...

muito bom, muito real
abraços
rubens

quarta-feira, 16 de novembro de 2005 às 18:44:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

Me fez bem ler o seu texto. Valeu.

quarta-feira, 16 de novembro de 2005 às 19:44:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

Fernandão,
O tempo é algo confuso, às vezes acesso o Meus Rascunhos, leio, reflito, mas quando olho o tempo, ele voa...bem que queria ter uma Asa Delta para poder voar através do ponteiro das horas...O caminho para felicidade pode ser longo, mas o que sõa quilometros quando se existe um avião...Felizes são os pássaros que tem asas e vão aonde quiser...Não ache que é incomodo ou falta de tempo, o amor rasga o peito e usa da nossa imaginação...O medo adormece sim...para isso é necessário que a coragem acorde!!!
Conte sempre comigo!!!
Um Abraço irmão

quarta-feira, 16 de novembro de 2005 às 23:58:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

quente...

quinta-feira, 17 de novembro de 2005 às 01:02:00 BRST  
Blogger I disse...

"Minhas dores são minhas asas."...
Que texto tão bonito, Fernando!

quinta-feira, 17 de novembro de 2005 às 07:37:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

Suas palavras me cairam como uma luva.
Textos excelentes por aqui!

quinta-feira, 17 de novembro de 2005 às 12:01:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

viu?
tão rapidamente se faz uma visitinha pela web...

obrigada pela visita em meu blog.
obrigada pelo elogio.

Aqui tem muita coisa. Meu horário de almoço ficou pequeno.

Beijos

quinta-feira, 17 de novembro de 2005 às 16:39:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

"meus sonhos quase morreram. eu quase adormeci."

ótimo

.
.
.

abraço
edu

quinta-feira, 17 de novembro de 2005 às 20:51:00 BRST  
Blogger [Manú] disse...

Acho que ando precisando dessa leveza de menina...Adorei o teu texto,mas falar disso é chover no molhado.Nunca mais conversamos no msn...Sei que ando sumida,mas aos poucos quero estar voltando.Beijos Nando!

sábado, 19 de novembro de 2005 às 04:30:00 BRST  
Blogger Carlos Besen disse...

"Tudo que não agrada ainda pode ser reinventado". Porque dizes tais coisas com tamanha singeleza, eu te declaro o meu Marcel Proust. Não é chiste.

Abraços imensos

sábado, 19 de novembro de 2005 às 04:57:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

viver é uma arte, e uma luta diaria..
bjos

sábado, 19 de novembro de 2005 às 14:12:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

Lindo por demais. Como sempre. Suas palavras confortam e transmitem lições....
Eu não estou comentando sempre mas sempre leio e releio seus textos
UM beijo!

sábado, 19 de novembro de 2005 às 16:29:00 BRST  
Blogger Kimu disse...

Lindo...

segunda-feira, 21 de novembro de 2005 às 10:44:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

"O medo já não é um desconhecido". Perfeito. Porque ele jamais desaparece. Vai-se identificando-o, aprendendo a domá-lo, até que ele mude de forma. Que bonito, Fernando. Beijo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2005 às 13:53:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

Olá Nando!

"Minhas dores são minhas asas." Eu sou toda isso! Muito bom o texto!
Bjim,
Dani.

segunda-feira, 21 de novembro de 2005 às 21:07:00 BRST  

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