Pequenas histórias de colégio - I
-Dudu, me empresta sua borracha. – apanhava-a entre as diversas que carregava em seu estojo infestado de materiais . Quem fazia o pedido – que soava quase uma ordem - era o colega mais popular da sala. Jamais tinham contato fora destas situações.
Na verdade, era o único motivo que fazia alguém chamar pelo seu nome naquela classe. Talvez, não fosse pelas notas divulgadas com ênfase pela professora e pelos seus materiais emprestados nem o lembrariam. Quando não por uma destas duas razões seu nome entrava mesmo em desnecessidade de ser chamado.
-Equipes de cinco pessoas - anuncia a professora, para preocupação de Dudu. Os grupos bem previsíveis daquela turma se formavam já que quase espontaneamente. Dudu podia adivinhar as formações, assim como prever que ele não cabia em nenhuma delas. Não que não quisesse participar, mas era exatamente o contrário. A única coisa que aprendera sobre grupos naquele tempo é que ele ficava fora deles.
Eduardo era um exemplo da sala. O primeiro aluno. Em casa o centro de atenções "Só tira dez!" exibia-o aos amigos o pai nos fins de semana embriagado mais de orgulho do que da própria cerveja. Mas Dudu só não entendia porque não agradava aos de sua idade. Talvez por culpa de alguns garotos que o judiavam com apelidos. A professora então, o defendia “É apenas um menino inteligente!” Inteligente era um tipo de criança distinta que prestava atenção na aula, que não jogava bola e nem falava palavrão. Mas apesar disso ele era um bom amigo, um menino legal, imaginava consigo. Só que ninguém tinha descoberto ainda.
-Dudu vai entrar na equipe de vocês, ok? - A professora resolveu enfim, fazer o que ele já esperava.
Aproximo-se daquela equipe que estava, até então incompleta. Se antes, estava distante de todos calado, agora permanecia próxima aquele grupo que acabara de entrar. Mesmo que fosse para continuar calado.
Chegava o horário do intervalo, conclui ao consultar seu relógio. Todos os dias planejava como ocupar aqueles exatos trinta minutos. Tiraria algumas dúvidas da lista com a professora, mais algum tempo para o lanche, calculava. A preocupação era para não restar tempo desocupado em que houvesse chance de se sentir só durante o intervalo.
Neste tempo então, Dudu aprendeu que não bastava ser um bom menino para fazer amizades, tinha que ter também o talento de saber ser reconhecido. Aprendeu que não basta estender mão para ganhar a gratidão. Aprendeu que fazer amigos era como resolver questões de MMC. Requer prática. E aprendeu que é estando sozinho que mais se aprende essas coisas complicadas sobre amizade.
O toque do sinal era acompanhado pela movimentação brusca das carteiras e pela fidelidade de Dudu à mesa da professora.
-Tia, você pode tirar algumas dúvidas da minha lista?
Neste tempo, Dudu também aprendeu a gostar de matemática.
Na verdade, era o único motivo que fazia alguém chamar pelo seu nome naquela classe. Talvez, não fosse pelas notas divulgadas com ênfase pela professora e pelos seus materiais emprestados nem o lembrariam. Quando não por uma destas duas razões seu nome entrava mesmo em desnecessidade de ser chamado.
-Equipes de cinco pessoas - anuncia a professora, para preocupação de Dudu. Os grupos bem previsíveis daquela turma se formavam já que quase espontaneamente. Dudu podia adivinhar as formações, assim como prever que ele não cabia em nenhuma delas. Não que não quisesse participar, mas era exatamente o contrário. A única coisa que aprendera sobre grupos naquele tempo é que ele ficava fora deles.
Eduardo era um exemplo da sala. O primeiro aluno. Em casa o centro de atenções "Só tira dez!" exibia-o aos amigos o pai nos fins de semana embriagado mais de orgulho do que da própria cerveja. Mas Dudu só não entendia porque não agradava aos de sua idade. Talvez por culpa de alguns garotos que o judiavam com apelidos. A professora então, o defendia “É apenas um menino inteligente!” Inteligente era um tipo de criança distinta que prestava atenção na aula, que não jogava bola e nem falava palavrão. Mas apesar disso ele era um bom amigo, um menino legal, imaginava consigo. Só que ninguém tinha descoberto ainda.
-Dudu vai entrar na equipe de vocês, ok? - A professora resolveu enfim, fazer o que ele já esperava.
Aproximo-se daquela equipe que estava, até então incompleta. Se antes, estava distante de todos calado, agora permanecia próxima aquele grupo que acabara de entrar. Mesmo que fosse para continuar calado.
Chegava o horário do intervalo, conclui ao consultar seu relógio. Todos os dias planejava como ocupar aqueles exatos trinta minutos. Tiraria algumas dúvidas da lista com a professora, mais algum tempo para o lanche, calculava. A preocupação era para não restar tempo desocupado em que houvesse chance de se sentir só durante o intervalo.
Neste tempo então, Dudu aprendeu que não bastava ser um bom menino para fazer amizades, tinha que ter também o talento de saber ser reconhecido. Aprendeu que não basta estender mão para ganhar a gratidão. Aprendeu que fazer amigos era como resolver questões de MMC. Requer prática. E aprendeu que é estando sozinho que mais se aprende essas coisas complicadas sobre amizade.
O toque do sinal era acompanhado pela movimentação brusca das carteiras e pela fidelidade de Dudu à mesa da professora.
-Tia, você pode tirar algumas dúvidas da minha lista?
Neste tempo, Dudu também aprendeu a gostar de matemática.
Marcadores: contos, contos poeticos, infancia, mini contos cotidianos
8 Comentários:
Linda esta historia!
A verdade é q ha sempre um aluno da turma q é assim tratado! So n percebo pq, e é triste! Mas o Dudu parece ser um menino de luta, de confiança e compreensao perante o mundo :)
Um beijo*
Sempre nos deparamos com este tipo de situação na escola.Até mesmo eu,já fui alvo de apelidos desagradáveis.Incrível como na infância podemos ser mesquinhos.Apelidos,pirraças,jogos,humilhações.E olhe que nem aprendemos a ser gente ainda e já estamos frente a frente com o que há de mais negro.Mas felizmente sempre vai haver pessoas como o Dudu,cientes de seu papel no mundo,aprendendo coisas sobre a vida.Beijo.
caramba!
quem foi que te contou a história da minha infância?
o engraçado é que, no meu caso, o menininho tímido aprendeu - como se resolve uma questão de MMC - a reordenar com os sentimentos... era muito, muito mais fácil que reordenar números!
a virada de jogo se deu na sétima série!
Hoje, os crqaues de futebol da época estão todos em subempregos... sem amigos, sem uma família, sem sentido pra vida...
o nerd sorri, vendo como construi seu mundo diretitinho!
Fernandão,
Fala garotinho...
Essa história parece com a nossa época de colégio...
Achei muito bom o texto, mas gostei muito do seu "TRABALHO" anterior...tocou profundo!!!
Ah, quero ver o que fará sobre 11 de Setembro...
Abração do amigo e fã
Marcelo Dias
Uma das frases batidas que mais gosto é: "o munda dá voltas". Gosto porque isso faz com que as pessoas que eram diferentes na escola se tornem muito especiais quando adultas. Isso aconteceu quase como uma regra a minha volta. Dá vontade de ir contar isso para os milhares de dudus dos colégios. Adorei. Um abraço,
Luiza.
pois eu estou a adorar o seu!
revi-me em muitas das situações que aqui apresenta...
Nós não percebemos, mas são nestas fases que mais aprendemos. Adorei seu texto, espero que volte a escrever cronicas. Um beijo!
Fernando... eu já fui um Dudu..rs Mas nunca gostei de matemática. Estou amando passear pelos seus textos.
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