terça-feira, setembro 13, 2005

O tempo e os sonhos - III

O mais difícil é aprender que você também pertence aos seus sonhos. A maioria só aprende o contrário. Eu quero escorregar para fora de mim para reencontrar o que tenho por dentro. Redescobrir alguém que talvez ainda seja parecido com um menino que, um dia, achei que deveria deixar de ser. Há certos momentos na vida que seguir o que está ao seu redor é perder o que existe de melhor de si. Deve haver algum lugar no mundo que não precise de asas para voar, onde eu não tenha que perder os defeitos que não tenho. É preciso acreditar no melhor de nós antes que o melhor de nós deixe de acreditar na gente. O meu lado melhor nem sabia que eu existia.



“- Por quê a maior altura que conheço não coube em nenhum homem?
- É que há um limite. Passado este, não se enxerga mais homem.

- Vejo alturas mas não enxergo mais homens. É uma doença?
- Não. Se isso não te matasse tanto, diria até que é remédio. É que seu olhar ultrapassou a miudeza dos homens. Tente se distrair com os pássaros enquanto sobrevivemos.”


Eu passei uma boa parte de minha existência tentando entender a vida, a outra parte eu passei acreditando nela. Incrível é a insistência das pessoas em fazer-me entender aquilo que nenhum homem entende. Se a vida pudesse escrever em meu lugar diria que ela que não entende o homem. Não me convenço o porque de se cultivar razões - inatingíveis - enquanto todos sabem que são os desejos que nos movem. Viver é como amar, a moderação não agrada. Ou existe ou falta intensidade. Compreender não traz satisfação. Ou você pisa um pouco acima do mundo ou o mundo pisa em você. Há perigos escondidos nos espaços vazios entre os bons aprendizados que o tempo nos traz. As vezes ele - o tempo – também se torna um mestre injusto, nos educa com um idioma adulto, medíocre. A vida fala língua de criança.

"A infância é mesmo tão traumatizante que veja só o que gera: adultos."


Ps: Trechos em itálico escritos por Vitor Freire.

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21 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

vim agradecer a visita e passar por aqui para ler um pouco do que por aqui vai. acho que se muitos tivessem uma infância diferente...teriam uma vida diferente em adultos. 1001 beijitos

quinta-feira, 15 de setembro de 2005 às 09:08:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

Cultivate Your Culture
By Lana Holmes, founder and CEO of Newhouse Consulting Corporate culture isn't something you can define.
I don't know about you but I'm lazy. I want definitive answers without all of the BS and filler. I want "here is how to make money", and that's it. The mere thought of reading 1,000 pages of marketing mumbo jumbo turns my stomach. Check out my seo related site.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005 às 09:33:00 BRT  
Blogger Vitor Freire disse...

"A vida fala língua de criança."

Por isso tanta dificuldade de se comunicar com a vida, quando adultos?
A linguagem persegue o homem.
Muito bom Fernando, fico extremamente contente quando vejo que meus escritos possam gerar essas reflexões poéticas em ti.

Abraço firme, camarada!

quinta-feira, 15 de setembro de 2005 às 13:05:00 BRT  
Blogger Brian Hunter disse...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005 às 13:25:00 BRT  
Blogger douglas D. disse...

lembro de Breton que falou ser a infância o momento que mais encarna a vida de fato...
obrigado pelo seu comentário lá no blog...
muitas vezes nossas palavras/imagens pintam noutros cantos, noutras paisagens...

quinta-feira, 15 de setembro de 2005 às 13:35:00 BRT  
Blogger Alguém disse...

cara valeu!!!o adulto nada mais é que uma criança experiente, espelhamos hoje tudo que nos foi passado naquele tempo

quinta-feira, 15 de setembro de 2005 às 20:20:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

Meus olhos se demoram por aqui e se perdem no tempo, no sonho...
Beijo grande.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005 às 21:45:00 BRT  
Blogger Bahbèllykós disse...

Passando pra retribuir o comentário (política da boa vizinhança). Li o último post. Gostei. Volto com mais calma outro dia (aí quem sabe deixe um comentário decente). ´mabraço.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005 às 23:23:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

qto a mim, concordo com o conselho do nelson rodrigues para os jovens: "envelheçam!!!" estou ainda na metade da minha vida e s´ó consigo pensar na metade seguinte... quero envelhecer, urgentemente... há beneficos nisso, nao acha?

só pra dar uma polemizada... valeu pela visita!

sexta-feira, 16 de setembro de 2005 às 16:25:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

Agente tem é que aprender, evelhecer e amadurecer sem perder o que há melhor dentro de nós, Acredito nisso. Aprender com os outros sem deixar de acreditar em seus próprios critérios,"se superar para continuar o mesmo" Adoro suas palavras.
Beijo

sexta-feira, 16 de setembro de 2005 às 16:48:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

A vida fala ligua de criança. E vice-versa!

sexta-feira, 16 de setembro de 2005 às 16:52:00 BRT  
Blogger Fernando Palma disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

sexta-feira, 16 de setembro de 2005 às 18:08:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

Gostei muito do seu texto. Ele é maduro, velho e criança, tudo ao mesmo tempo agora, como nós.
Somos belos crianças, jovens e velhos reunidos em um só em busca da felicidade.
Adorei:" Eu quero escorregar para fora de mim para reencontrar o que tenho por dentro."

Abração

sexta-feira, 16 de setembro de 2005 às 18:46:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

Que lindo: "Redescobrir alguém que talvez ainda seja parecido com um menino que, um dia, achei que deveria deixar de ser." Tudo o mais também. Parabéns Fernando. Beijão!!

sexta-feira, 16 de setembro de 2005 às 19:19:00 BRT  
Blogger [Manú] disse...

Também gostaria de reencontrar o que tenho por dentro.Ando mesmo com saudades de mim,de quem eu era antes da avalanche.Que vc possa ter então mais sorte do que eu e que tudo corra bem,Fernando.Abração!;*

sexta-feira, 16 de setembro de 2005 às 20:14:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

cara, vc se superou... ta escrevendo super bem. To gostando de seus textos! massa mesmo!
Continue...

sábado, 17 de setembro de 2005 às 17:49:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

foi mau velho... postei o anterior e não assinei! hhehehe ficou anonimo...

sábado, 17 de setembro de 2005 às 17:50:00 BRT  
Blogger Menina Marota disse...

"...Redescobrir alguém que talvez ainda seja parecido com um menino que, um dia, achei que deveria deixar de ser. Há certos momentos na vida que seguir o que está ao seu redor é perder o que existe de melhor de si."

Um texto que faz pensar. Gostei de o ler.

Um abraço e bom fim de semana :)

sábado, 17 de setembro de 2005 às 19:13:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

Passei poraqui hoje e li coisas que mudurar meu dia....ideias brilhantes

sábado, 17 de setembro de 2005 às 20:18:00 BRT  
Blogger mjm disse...

É preciso acreditar no melhor de nós antes que o melhor de nós deixe de acreditar na gente. O meu lado melhor nem sabia que eu existia.

pqp !!!

quarta-feira, 21 de setembro de 2005 às 16:47:00 BRT  
Anonymous Anônimo disse...

Fernando,
Li apenas um de seus textos,por enquanto, que devido a ser tão rico, prefiro ir aos poucos e saborear melhor cada porção.
Somos autores e atores de nossa própria história de vida. O que é uma faca de 2 lâminas afiadíssima: que nos faz vibrar de êxitos e tremer de temores. Que nos faz estar tão perto e também tão distantes. É tudo bem deste jeito. Não que estejamos transitando entre opostos,mas em extremos de um mesmo segmento. E tudo é um único ser – nós mesmos afastados de nosso ser essencial por uma miopia defensiva, que nos atrapalha de ver aquilo que outras pessoas enxergam em nós até com certa facilidade. Pasme, porém é assim que ocorre...Podemos alegar que a viagem mais longa e mais demorada é aquela que poderia e/ou deveria ser a mais curta e mais rápida, que é aquela para o centro de nós mesmos. Mas tudo bem! Somos incorrigíveis seres da raça humana.
Ironicamente a impossibilidade de se alfabetizar a vida, seja até interessante. Pois alfabetizando a vida talvez ela nos enchesse com escritos de regras aborrecidas e fizesse de muitos cópias enfadonhas e bizonhas. Nada mais bizarro e grotesco! Por outro lado, é esta mesma vida analfabeta, como você a classificou, que costuma nos indicar o saudável caminho das letras. Nem tudo está perdido! O que pode ser ruim por um lado, pode ser instrumento de crescimento por outro. (Bom seria que todos pudéssemos ler e escrever com plena compreensão e domínio das palavras – quiçá mesnos pessoas fossem ludibriados). E crise e crescer têm a mesma origem linguística.
O tempo!!! É um rei que não se submete. Que tem independencia firmada e que, apesar de toda a sua tirania, pode nos proporcionar alento, maturidade afetiva, emocional e nos trazer a idade que, se nos limita fisicamente principalmente, pode nos premiar com o equilíbrio e com a serenidade. E com isto os desejos que você mencionou ficam domesticados. Com simplicidade aprendemos a confiar e a aceitar, assim como a mudar o que se pode ou que se deve modificar, mas com adequação de conduta – sem estresses – porque os excessos já foram domados. E, assim, lá estamos nós percorrendo o caminho de volta daquele mesmo segmento da vida ao qual me referi anteriormente. Finalmente, em direção à nossa essencia.
Beijos de sua tia MARTA CANTALICE.
21/09/05

quarta-feira, 21 de setembro de 2005 às 17:04:00 BRT  

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