Latas
Como uma antiga coleção de latas. Numerosa. Refrigerantes, cervejas importadas, fertilizando a ambição ainda juvenil. Organizadas, compartilhando o pedaço de conquista, a lata rara, diferente, esmero em cada uma no superior da coleção. O brilho. O anseio de acumular sem razão, aglomerar, colecionar sem haver fim premeditado: ao contrário do álbum de figurinhas, onde a ultima sempre limita o objetivo do colecionador, como se a conquista atingisse limite de tamanho máximo. A coleção sem regra, sem número, latas, ninguém sabe ao certo quantas estão na prateleira, muito menos a quantas chegar. Apenas estão, cada dia expandidas, numerosas, orgulhadas. E por um momento, se a janela está aberta demais, um esbarro mais forte na estante velha, ou uma lata é retirada de baixo, um descuido, um instante, e todas vão ao chão, espalhadas, feridas. O ruído que silencia. A pausa.
Sou como uma velha coleção de Latas: se me desarrumam, sei exatamente como me re-organizar. Mas dá trabalho.
Sou como uma velha coleção de Latas: se me desarrumam, sei exatamente como me re-organizar. Mas dá trabalho.
Fernando Palma, Setembro de 2009
Marcadores: pequenos textos, textos poeticos
3 Comentários:
Não precisa chamar. Somente um mínimo gesto que eu ajudo a arrumar tudinho =)
Aeeee depois de muito tempo voltou as origens.
Gostei Fernando mandou bem com as latas mas acredito que algumas pessoas são como uma coleção de garrafas que quando se desarrumam parte delas se quebram ou perdem o rótulo.
Um abraço.
Taí, gostei de encontrá-lo de volta. Grande abraço.
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