O ponteiro invisível do tempo - II
Escrito em Janeiro de 2006
Repetia as mesmas palavras com poucos tropeços. Encorajava a si mesma, de uma coragem medrosa. Era só um recomeço. O silêncio das fotografias espalhadas no quarto somava o frio, que a desconfortava sempre neste instante, começo de noite. Não importa o tempo lá fora, o frio era sempre o mesmo.
Já não era mais uma menina. A juventude começou a desgastar as cores, as luzes perderam a intensidade. Sobraram apenas frestas de esperanças adolescentes, enfraquecidas pelas datas, quando completam novos aniversários. Pequenos brilhos. Restos, que na maioria das vezes, nunca conheceram sua forma completa. Metades de sonhos, solitárias, que não ousaram ensaiar finais para princípios de desejos, envergonhados por desrazões maiores. As coisas são quando há de ser, dizia vó. Mas o que será que há de ser, agora? O caminho não parece ruim, é verdade, mas falta força ao caminhar, pés já não seguem descalços sem que machuquem. Tudo fere. Os joelhos doem, de dor do coração. Sentada em sombra de aflições, soava uma canção aguda de suspiros breves, enquanto folheava saudades borradas em cadernos antigos, aposentados por invalidez do tempo. Rascunhos de amores. Ela tecia novos sonhos nos cantos dos olhos, apenas nos cantos, enquanto juntava seu corpo para tentar escapar de um frio que insiste em seu quarto por mais cobertores usados, ou maior número de agasalhos que sejam vestidos. Porque é um frio que vem de dentro.
Marcadores: poemas de amor, poemas de auto conhecimento, textos pequenos, textos poeticos
36 Comentários:
"rascunhos de amor", que maravilha, Fernando. A cada post melhor e mais afiado com a palavra. Parabéns. Abraços.
Boa tarde Fernando...
faz um tempo, não cronometrado, que não apareço pro aqui..Melhor assim...cada visita uma surpresa como esta....
Eu ando... "tecendo novos sonhos nos cantos dos meus olhos"...
Que lindo!!!!!
Um abraço e obrigada pela visita
Resta de cada dor do caminho, encontrar um certo calor sábio para o frio do quarto. Mas, sem dúvida, que o tempo é sempre o certo para tanto.Meu beijo.
e isso que depende do tempo...independe do tempo...
pq o tempo, de certa forma, também vem de dentro.
um beijo
Surpresas que a net dá. Vim nos teus passos e encontrei um quarto onde não há frio, mas o calor das palavras sentidas.
Um beijo.
Olá,
uma história muito sentida e muito lúcida, porque o frio vem sempre de dentro...
;)
Frio no coraçao é o pior que pode haver!
Gostei muito!
Beijinho*
Dizem que com o tempo vamos nos acostumando com esse frio, com nós mesmos. Voltamos à essência, como quando éramos crianças. Espero que comigo seja saudável assim, por mais que doa, como toda transformação.
Você escreve muito bem. Gostei daqui!
Beijinhos
Palavras repetidas,gores desgastadas,sonhos pela metade.Uma heroína bem atual e neo-romântica.Além do frio que vem de dentro,só faltou o sono.Esse sono que me carrega pra cama e que me prende lá,por horas à fio.Vc não imagina o quento gosto de te ler,parece-me que estás aqui do lado,tão é a coloquialidade que tu impunges a teus textos.É mesmo incrível a menira como as vezes nossos posts se entrelaçam.Transmissões de pensamento ou afinidades bloguistícas?risos.Um beijo Nando,e venha me "ver" sempre.
Olá Fernando,
Obrigada pela visita ao meu mundo.
Tem um óptimo fim de semana
:)
Prazer e um beijinhu
percebo que você está aprimorando sua linguagem. adorei "rascunhos de amores" - posso plagear num poema? beijo.
Este texto está brutal.
Realmente não há pior do que esse frio que vem de dentro...corta-nos a esperança...os próprios sonhos.
Um beijo agasalhado
oi fernando, gostei dos teus textos, minicontos, poemas em prosa, que seja...são bons.
abraço
muito interessante este fluxo narrativo.
abraços
rubens
Por cá passei p/ através de um abraço agradecer a tua visita e ao mesmo tempo dar os parabéns pelo blog! Gostei!
Oi Nando,
Muito legal seu texto invasor de almas:
Não importa o tempo lá fora
O frio era sempre o mesmo
A juventude começou a desgastar as cores
Metades de sonhos, solitárias
Que não ousaram ensaiar finais para princípios de desejos
Envergonhados por desrazões maiores
Tudo fere
Os joelhos doem
De dor do coração
Sentada em sombra de aflições
Rascunhos de amores
Porque é um frio que vem de dentro.
Abração
Os anos podem ser maravilhosos ou cruéis...
oi fernando!
quero lhe mandar um e-mail.
nele explico melhor...
pode ser?
espero que sim!!!
Beijos!
ei Fe,
qual é seu email?
esqueci de perguntar.
Beijos
Olá Fernando, quero agradecer pela visita e me desculpar
pela ausencia, sabe como é... depois das férias
as funções se acumulam, trabalho dobrado, mas aos
poucos tudo volta ao normal...
mtas bjoks!
Ô, Fernando Fernandez, por acaso tu és filho de Fernando? Onde estás que, há quanto tempo, não respondes? Onde estão tuas falas, teus textos? Quando retornarás, ó gaio? Um abraço.
Queb texto tão bonito...
Cheio de sensibilidade.
Gostei muito
é como disse um poeta
"a vida é curta pra tantos joelhos"
[jb]
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Belo texto,
Quando vem o próximo?
Sou dependente dos seus textos.
Se não os leio-os, a angustia invade a minha vida.
nÃO SER MENINA COM RASCUNHOS DE AMORES E SONHOS APENAS NOS CANTOS DOS OLHOS... É A VIDA PASSANDO... RÁPIDO, MUITO... BEIJOS
Olá, frios assim a gente sente de vez em quando, como se nada pudesse nos aquecer, então eu acabo imaginando uma lareira bem quentinha, pra ver se sinto calor ao menos na ponta dos dedos...
Fernando, muito obrigada por sua visita ao meu blog, seja sempre muito bem vindo, porque aqui eu já vim pra ficar.
Beijo.
Olá amigo
Espero que esteja tudo bem contigo
Abraço
A vida é um vaivém de emoções e sentimentos... Muito bom texto, tens uma forma particular de escrever isso agrada-me...fico esperando os proximos...
Abraço.
Gostei do seu blog. Escreve bem. Tou t linkando, ok? Abraço
Olá Fernando, vindo rever o teu blog, eu me encantei com este texto. Até porque eu pude sentir o tal frio lá fora, e quis fazer também as buscas pelos meus novos sonhos.
A juventude, já não é mais um breve suspiro...
Beijos!
Saudades do fernando e das palavras do Fernando...Por onde anda o moço das letras?
Magnifico teu blog. Fernando eu parei pra reler e ler teus posts antigos e amei cada um deles que ainda vou ficar um bom tempo aqui para terminar de ler todos eles...
Incrível.
Esta de parabéns, é incrivel!
Beijos
nossa....
.....
.....
.....
"a intensidade de um momento é medida na calmaria que o sucede."
vou reproduzir com os créditos,
espero que não se importe.
beijos
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Simplesmente perfeito sem tirar nem por
Jess&ca
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial