sábado, outubro 31, 2009

É festa no céu

















Se alguém seria feliz para sempre, então para que precisaria de um anjo da guarda? Não parecia lógico, mesmo assim estava decidido: o menor dos anjos seria o representante celeste daquela futura menina, quando pousasse a graça de sua existência fenomenal na Terra. 

A experiência era já expectativa há alguns anos-luz, como um trabalho que leva tempo para estudos e requer planejamento para funcionar. Como uma tese de doutorado. Muita conversa em baixo de arco-íris e escorregadeiras, acompanhados de pacotes de jujubas, chocolates e pés-de-moleque para espantar a fome. Mas chegara ao fim. Finalmente, pela primeira vez, traria o destino a um ser humano a missão de  representar a alegria como o único sentimento durante todo o tempo de passagem no mundo onde a não-alegria predomina. Uma verdadeira obra de arte celestial.


São Pedro mandou um céu azul para presentear o acontecimento. Algumas estrelas vieram ver de perto também, e depois, cintilantes, voltaram correndo às suas galáxias para contar as irmãs e as estrelas-mães o fenômeno. As nuvens entraram em greve de chuva e se esconderam atrás das montanhas para ajudar no céu limpo do São Pedro. O paraíso fazia festa. 


Os anjos reunidos comungavam uma expectativa embaraçada, enquanto o menor deles, que seria o guardador da menina-fenômeno permanecia cabisbaixo e não era tão eufórico quanto os amigos. "O que passa?" perguntava o Gabriel com as mãos na cabeça do pequeno, como se protegesse de algo que corria em sua mente.  Os olhos e o aspecto do anjo-menor fazia com que qualquer um ali tivesse vontade mesmo de proteger, de ajudar. Mas mudavam de idéia no momento de surpresa que despertava com a sabedoria das respostas e dizeres daquele ser especial entre o grupo de meninos alados que vivem brincando nas nuvens.


"Está errado. Eu nunca conseguirei fazer o meu trabalho com esta criança. Vocês não percebem?" 


A turma de anjos fazia silêncio. Duas estrelas que estavam próximas, aumentaram um pouco a intensidade do brilho voltando suas faces para a face do anjo, fazendo com que todos enxergassem melhor as palavras pronunciadas por sua pequena boca.


"Isso não é triste? Ela nunca irá conhecer a tristeza."



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3 Comentários:

Anonymous Danii disse...

Apaixonante =) Amo vc para "todo o sempre".

sábado, 31 de outubro de 2009 às 20:03:00 BRST  
Blogger S' disse...

'com as mãos nos na cabeça do pequeno'
nos na? (:

Muito bom, apesar que entra-se quase num paradoxo, para alguém só conhecer a felicidade tem que ser perfeito é impossível hauhauha
Mas a parte de reflexão sobre a tristeza, que esta é sim necessário para sabermos o que é a alegria ficou ótimo. Afinal se não tivéssemos momentos ruins, como diferenciaríamos dos bons? (:
Como diriam os gnósticos somos o equilíbrio de duas forças.

Continue escrevendo (:
~S'

http://poetificar.blogspot.com

segunda-feira, 2 de novembro de 2009 às 13:02:00 BRST  
Anonymous Anônimo disse...

Extremamente Poético...

Jess&ca

quarta-feira, 4 de novembro de 2009 às 18:47:00 BRST  

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